Ecoturismo, fauna e flora do litoral norte e sul da Paraíba
Publicado 21/03/2018 14:33:17
Categorias Ecoturismo , Paraíba
Existe um contraste flagrante entre o litoral norte e o litoral sul de João Pessoa:
- o clima, muito mais seco e quente no litoral sul, visível pela vegetação baixinha, contrastando com a mata atlântica do litoral norte;
- o plateau continental indo mais longe dentro do mar do lado norte (de águas mornas e sem onda na maré baixa);
- o visual muito mais colorido e diversificado do lado sul, contrastando com a natureza mais selvagem e "bruta", 100% intocada, do litoral norte...
O litoral norte de João Pessoa
O litoral norte da Paraíba, menos turístico e habitado, contém as maiores zonas de proteção ambiental (a APA do Rio Mamanguape) e de interesse ecológico (a ARIE do rio Camaratuba) da Paraíba.
Sendo maior e mais selvagem, com mais restrições de visitação e pouquíssimo infraestrutura, a visitação turística também é meio complicada...
A APA (Área de Proteção ambiental) do Rio Mamanguape
- engloba os municípios de Rio Tinto, Marcação, Lucena e Baía da Traição;
- é delimitada pelos estuários dos rios Mamanguape e Miriri, a APA tem 14. 640 hectares, composta por diversos ecosistemas;
- são manguezais, lagunas, lagoas, praias com cordões de dunas, falésias, mata de restinga e de tabuleiro e uma peculiar barreira de coral em frente à foz do rio Mamanguape;
- os recifes de coral de arenito, são colonizados por corais vivos, próximos à barra do rio;
- são quatorze quilômetros de areias brancas, finas e, para lá de desertas, a exemplo das praias de Campina, Oiteiro, Miriri e Coqueirinho do Norte;
- a origem do nome vem da palavra tupi “mamã-gua-pe” e quer dizer região onde se reúne para beber. E o que não falta por aqui é água;
- foram catalogadas 80 espécies de aves, 27 de mamíferos, 35 de répteis, 23 de anfíbios, 112 de peixes estuarinos e 29 de peixes marinhos recifais;
- dentre eles, estão espécies ameaçadas de extinção como o peixe-boi-marinho, o cavalo-marinho, o peixe mero, o caranguejo-uçá e as tartarugas verde e de pente;
- o bioma que a representa é a Mata Atlântica, junto com vários outros ecossistemas;
- ecossistemas de manguezais: mangue vermelho, mangue preto ou siriubeira, mangue de botão e mangue branco;
- vegetação de dunas, formada por plantas herbáceas ou ervas; a vegetação de restinga, com espécies de cactos; e a vegetação de tabuleiro, com gramíneas e arbustos esparsos.
Fonte: APA do rio Mamanguape
O Peixe-boi e as Aldeias indígenas, na Baía da Traição
Passeio bem diversificado, misturando História com o Palacete dos Lundgren no Rio Tinto, Ecoturismo com o projeto Peixe-boi marinho na APA do rio Mamanguape,
...cultura e turismo de Vivência participando de rituais Potiguaras com o Pajé Antônio, junto com a praia de Coqueirinho do Norte: passeio Peixe-boi e Aldeias indígenas.
O ex-Projeto Peixe Boi Marinho
(o projeto de tratamento em cativeiro foi desativado)
- na Barra do Rio Mamanguape, no entanto, o mamífero, que corre risco de extinção, é observado com relativa facilidade;
- a região é a principal área de concentração da espécie marinha, no nordeste brasileiro;
- no nordeste, eles cheguem a 800 quilos de peso e 4 metros de tamanho;
- em 2013, foram contados cerca de mil peixes-boi vivendo em regiões de estuários na costa nordestina;
- precisa comer diariamente, entre 8% a 13% do seu peso corporal;
- passa de seis a oito horas por dia se alimentando de algas, capim marinho e folhas;
- vive tanto em águas salgadas quanto em águas doces.
Motivos do declínio do Peixe Boi: a fêmea gera um filhote a cada três anos, morte em redes de pesca, ingestão de sacos plásticos, atropelamentos por barcos, redução de seu habitat para a reprodução, e encalhes dos filhotes.
No litoral da Região Norte do Brasil, a captura intencional com arpões ainda é a principal causa de morte.
Fonte: APA do rio Mamanguape
A ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) do rio Camaratuba
(Parque Ecológico do Caranguejo-Uçá: são 160 hectares localizados no distrito de Barra de Camaratuba, Município de Mataraca)
- manguezais e um de seus ilustres moradores, o caranguejo-uçá, cuja espécie está ameaçada de extinção;
- os manguezais têm função nobre na cadeia alimentar e reprodutiva de muitas espécies, principalmente, aos peixes, moluscos, aves e crustáceos;
- os crustáceos são representados pelos caranguejos aratu, com sua carapaça vermelha, o guaiamum, de coloração azulada, e o uçá, que teve a coleta proibida (ele se reproduza só após 3,5 anos de idade);
- os manguezais conseguem armazenar quatro vezes mais a quantidade de carbono do que qualquer floresta do mundo;
- um quinto de todos os manguezais do mundo foram perdidos, desde 1980, e continuam a diminuir, com taxas quatro vezes maiores do que as florestas globais.
Fonte: ARIE do rio Camaratuba
O litoral sul de João Pessoa
No Litoral Sul da Paraíba, a principal reserva natural é a APA Tambaba.
Também tem a Barra de Gramame, assim como a Barra do Abiaí, esses duas áreas sendo de superfície menor, e constituídas por manguezais formados pelo encontro dos rios Gramame e Abiaí com o mar.
Menor, mais com melhor infraestrutura turística e paisagens bem diversificados e muito coloridos, com muitas enseadas e praias paradisíacas, o litoral sul concentra a maior parte da atividade turística do litoral da Paraíba.
A APA Tambaba:
- apesar do seu nome, a APA se estende NUM conjunto de praias e biotipos bem diversificados, totalizando uma a superfície de aproximativamente 3.270 ha;
- abrange Lagoa Preta, praia de Tabatinga, Fazenda Bucatu, praia de Coqueirinho, praia de Arapuca, praia de Tambaba e praia do Graú na divisa entre os municípios de Conde e Pitimbu;
- está delimitada pelos divisores naturais do riacho Caboclo e dos rios Bucatu, Graú e Mucatu que drenam a região, ocupando uma área de 114,46 Km²;
- em Tambaba, parte dessa zona e reservada a prática do naturismo (primeira zona naturista do Brasil);
- tem falésias arenosas muito coloridas (sofrendo um processo de erosão pela chuva e pelo mar), entre Tabatinga e a Barra do Graú, as maiores e mais coloridas ficando na praia de Arapuca, entre Coqueirinho e Tambaba;
- acima dessas falésias temos tabuleiros com vegetação rasteira (parecida com o cerrado), sendo cortada pela rodovia estadual PB-008;
- cada praia tem um visual bem diferente uma da outra: falésias, rochas, areia branca com mar azul, mangues de água marrom, coqueiros, enseadas, etc.
As principais atividades relacionadas ao turismo ecológico são: as caminhadas (com a Anda Brasil e a Arca de Bilu), o ciclismo, o caiaque nos rios, as cavalgadas, e os passeios de Jipe 4x4 (saindo de João pessoa, com a gente...).
Outra atividade muito praticada é o Surf na praia de Arapuca; Tambaba é também mundialmente conhecida pelo campeonato internacional de surf nu que acontece no mês de setembro.
Pequenas comunidades rurais habitam a área, tendo como atividade principal a agricultura familiar e a produção associada ao turismo - como a comercialização de frutas e doces caseiros, como no assentamento de Tambaba.
A cobertura vegetal está estabelecida sobre a unidade geomorfológica dos Tabuleiros Costeiros, sendo constituída por formações florestais, denominadas Matas de Tabuleiro e manchas de Cerrado
...que ocorrem em locais onde o solo é mais arenoso e a vegetação é arbustiva-arbórea chamadas de tabuleiros.
A região contém Floresta Atlântica, como a mata de tabuleiro, a mata de restinga e os manguezais, e apresenta formações geomorfológicas singulares como falésias, nichos de cabeceiras, vales e cânions.
As atividades de lazer, turismo e agrícola caracterizam o uso atual da área.
As praias de Tambaba, Coqueirinho e Tabatinga vêm, nos últimos anos, sendo ocupadas com edificações de casas de veraneio, bares e pousadas.
A pavimentação da via PB–008, trecho Jacumã–Tambaba, tem acelerado o processo de ocupação e atraído significantes empreendimentos turísticos para a região.
Levantamento comprova ameaças à flora da APA Tambaba: o estudo revelou que a área de preservação ambiental localizada no Litoral Sul paraibano, um dos poucos resquícios de Mata Atlântica no estado, é rica em espécies lenhosas.
Também foi constatado que, devido à ocupação desordenada do faixa litorânea da Paraíba, a situação daquela reserva é crítica, ameaçando, inclusive, as nascentes de alguns rios.
A fragmentação florestal da Área de Proteção Ambiental de Tambaba diminua a efetividade da proteção ambiental na unidade de conservação.
A APA Tambaba foi decretada como Unidade de Conservação em 26 de março de 2002, pelo Decreto Estadual nº 22.882, após o pavimento da PB-008 em resposta a pressão imobiliária.
A APA de Tambaba tem por finalidade “garantir a integridade dos ecossistemas terrestres e aquáticos, proteger os cursos de água que integram a região, melhorar a qualidade de vida da população e disciplinar a ocupação da área
...para que esta não avance de forma desordenada e em ritmo acelerado, contribuindo assim para a redução da degradação do ambiente local e sua restauração futura”.
Infelizmente essa pressão continua crescendo, e com dinheiro e apoio político se "abrem exceções", como no caso do hotel da Rede Nord em Tabatinga, ou do resort em construção na Barra do Abiaí:
...isso, definitivamente, não é turismo sustentável!
Hotéis e restaurantes são fonte de poluição, contratando picapes particulares que vão jogar o lixo na natureza.
O próprio município de Conde está loteando toda a entrada de Coqueirinho, destruindo a mata em grande escala, sem falar das construções irregulares, e outras tentativas de privatização de zonas naturais sob pretexto de preservação ambiental...
Isso, junto com a falta total de regras urbanísticas, eta acabando com a natureza e a beleza do lugar. Se observem também queimadas criminosas para poder construir depois no terreno, alegando que não tem nada no lugar.
Mais informações sobre Tambaba
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Vicente Paul
20/04/2018 16:30:44
Você já se perguntou porque na praia de Boa Vista (PE) tem ataques frequentes de tubarão, e aqui na Paraíba nunca? ...e que aqui, a vida marinha é bem preservada; de bariga cheia, eles não vêm comer na praia. Por causa disso falamos que nossos tubarões são vegetarianos!